domingo, 9 de janeiro de 2011

CAREL na mídia

Estudantes fazem boicote contra o Café da Mara


Escrito por Rodrigues Alves


A relação entre o comércio e a comunidade universitária foi motivo de confusão na Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FA). O Centro Acadêmico de Relações Internacionais (CAREL) promoveu, na semana passada, um boicote ao Café da Mara, única lanchonete localizada no prédio, e busca medidas para que o estabelecimento seja fechado ou para que se mude a forma como é administrado.



Segundo o coordenador do CAREL, Paulo Yoshimoto, a iniciativa foi uma forma que os alunos encontraram para protestar contra o mau atendimento, os preços altos, a pouca variedade de produtos e a falta de higiene do estabelecimetno comercial.



Os membros do centro acadêmico espalharam cartazes pela FA e divulgaram o boicote pela internet. “As críticas ao Café da Mara é um consenso em cursos de pessoas tão diferentes", disse Youshimoto. Segundo ele, ex-alunos também se manifestaram dizendo que o problema vem de muito tempo.



Étore Medeiros



Manifestação de alunos incluiu boicote à lanchonete



Para o boicote dar certo, os alunos montaram o próprio comércio de salgados, pão-de-queijo e refrigerante na sala onde ficava o Centro Acadêmico de Ciências Contábeis. A aluna do 3º período de Relações Internacionais, Bárbara Mendonça, disse que faltou às aulas durante a semana passada porque utilizava o tempo para fazer compras dos produtos ou atender aos clientes. Os centros acadêmicos dos outros cursos que utilizam o prédio da FA, como Direito e Ciência Política, contribuiram com algumas doações e com a divulgação.



Com os preços mais baixos (um copo de refrigerante era vendido a R$ 0,50), os membros do CA contaram com a adesão de muitos alunos e até mesmo de professores. “Minha professora de Teoria das Relações Internacionais foi lá comprou e depois disse que era melhor a gente estudar para a prova da semana seguinte em vez de ficar vendendo lanches”, disse Bárbara. Paulo Yoshimoto conseguiu fazer que até o reitor, que participava da primeira reunião para discutir o Congresso Estatuinte, comprasse um pão-de-queijo.



Os organizadores ganharam autorização da Prefeitura para vender os alimentos na quinta-feira, dia 9, um dia antes do fim das atividades. O lucro ficou em menos de R$ 100. De acordo com Yoshimoto, o objetivo, para eles, não era ganhar com a venda nem quebrar o Café da Mara, mas conscientizar as pessoas que era preciso fazer algo para mudar resolver o problema.



Segundo o ex-aluno de Ciência Política, Felipe Freire, na época em que estudava na FA, ele e os amigos preferiam comer na Faculdade de Tecnologia (FT) por causa do preço e da variedade de alimentos. Quem ainda frequenta as aulas no prédio da FA, reclama do atendimento e da higiene do local. “A gente fica meia hora na fila e a atendente assistindo à TV. A estufa é um viveiro de moscas”, afirma o estudante do 2º período de Direito, Hugo Valadares.



Situação



O Café da Mara é um dos estabelecimentos que conseguiram a autorização de funcionamento antes da vigência da lei que regula as licitações. A primeira permissão de uso foi dada pela universidade à Gilmara Machado dos Santos em julho de 1990.



A concessão foi renovada todos os anos. A última autorização venceu em outubro, mas a proprietária ainda está dentro do prazo (até o fim do ano) para apresentar os documentos. Não há, porém, nenhuma dívida com a universidade. No mês de dezembro, o Café da Mara pagou R$ 1.485,90 de aluguel.



De acordo com o coordenador de Concessão e Postura da Prefeitura da UnB, Francisco Joaquim de Sousa, os consumidores que se sentirem prejudicados com os serviços dos comércios localizados dentro do campus podem entrar com uma reclamação no protocolo da prefeitura. Ela será analisada e, caso proceda, as críticas serão anexadas ao processo de renovação do contrado.



Outro lado



Segundo a gerente do Café da Mara, Eleusa Neves, as reclamações dos alunos são infundadas, exceto pelo alto preço. A gerente responde pelo Café da Mara porque a proprietária está com problemas de saúde. Ela disse que ficou muito chateada com o boicote porque antes não houve tentativas de aproximação por parte dos alunos.



Sobre a falta de higiene, ela afirma que segue as normas da Vigilância Sanitária. O mau atendimento das funcionárias é motivo de espanto. “Quando estou lá, não vejo isso, mas vou ficar mais atenta”. A única reclamação que concorda é com os preços altos “já que estudantes geralmente não têm muito dinherio”.



Para mudar essa situação, Neves planeja, no próximo ano, ter opções “mais em conta” para os alunos da FA, como cafezinho normal (sem ser expresso) e pão com manteiga. A gerente disse que protocolou na Prefeitura uma carta de reclamação à forma como os alunos fizeram o boicote, principalmente pela venda de alimentos.

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