O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) anunciou, no seu quarto Relatório de Avaliação (AR4) em 2007, que o aquecimento do sistema climático é inequívoco, como ficou evidente pelas observações dos aumentos das temperaturas médias globais da atmosfera e dos oceanos, da aceleração do derretimento da neve e do gelo, e da elevação do nível médio do mar. O aumento da temperatura média global do planeta, em relação ao nível médio de temperatura anterior à Revolução Industrial, é apontado pelo IPCC como uma consequência do aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) de origem antrópica na atmosfera. O IPCC também indica que o acréscimo global da concentração de dióxido de carbono se deve primeiramente ao uso de combustíveis fósseis e à mudança do uso da terra, enquanto que os acréscimos devidos ao metano e ao óxido nitroso são resultantes da agricultura.
A contínua emissão desses gases e a manutenção do desmatamento no século XXI, nas mesmas taxas que atualmente, têm potencial para causar mais aquecimento e levar às mudanças climáticas globais que serão muito provavelmente maiores que as observadas no século XX. O IPCC também afirma que é muito provável que os eventos climáticos extremos (ondas de calor, secas, enchentes) serão mais freqüentes no futuro próximo
Pesquisadores de todo o mundo tentam entender há muitos anos o impacto que as mudanças globais causam, examinando esta questão em seus mais variados aspectos: ar, solo, água, economia, áreas de risco à ocupação humana, entre outros. Mas, mesmo após tantos esforços, o nível de conhecimento obtido ainda é incompleto, sobretudo com relação aos impactos regionais do aquecimento devido ao aumento da concentração de gases de efeito estufa e com relação aos mecanismos de mitigação das emissões desses gases. As soluções apresentadas para os problemas decorrentes dessas mudanças climáticas e a busca por oportunidades no processo de adaptação e mitigação ainda requerem muitos estudos. Atualmente foram implantadas no Brasil, diversas iniciativas ligadas à temática de mudanças climáticas, como:
Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas (Rede CLIMA)
A Rede Clima foi instituída pelo Ministério da ciência e Tecnologia no final de 2007 e iniciou suas atividades em 2009. Ela tem como objetivo principal gerar e disseminar conhecimentos científicos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais. Está constituída atualmente em 10 subredes temáticas: biodiversidade; recursos hídricos; energias renováveis; saúde; agricultura; cidades; modelagem climática; zonas costeiras; desenvolvimento regional; economia. Envolve mais de 70 instituições de pesquisa em todo o Brasil
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas
O INCT visa implantar e desenvolver uma abrangente rede de pesquisas interdisciplinares em mudanças climáticas. Contando com a cooperação de vários grupos de pesquisa do Brasil e do exterior é a maior rede de pesquisas ambientais já desenvolvidas no Brasil. Esse INCT, em estreita parceria com a Rede CLIMA e com programas estaduais e internacionais de pesquisas em mudanças climáticas, constitui-se em fundamental pilar de apoio às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Participam deste INCT mais de 80 instituições nacionais e 15 estrangeiras, abarcando mais de 400 participantes.
Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais - IVIG/COPPE/UFRJ
O IVIG, criado em 1999 e o primeiro deste tipo na América do Sul, desenvolve estudos e pesquisas em três grandes áreas interligadas e relacionadas às transformações globais: Mudanças Climáticas Globais, Mudanças de Paradigmas e Inovações Tecnológicas e Mudanças Institucionais no Setor de Energia. Trata-se de uma instituição virtual, multidisciplinar, que opera em rede com grupos, articulando pesquisadores, governo, empresas e instituições internacionais. É um sistema brasileiro integrador de inteligências e conhecimentos e acolhedor da experiência internacional e também um fórum de debate sobre questões estratégicas.
O Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais
Em agosto de 2008 foi lançado o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) que tem como objetivo avançar o conhecimento sobre as mudanças climáticas globais, de modo que as pesquisas auxiliem na tomada de decisões que sejam amparadas por resultados científicos no que diz respeito às avaliações de risco e às estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas globais. O Programa conta com componente de pesquisa tecnológico, observacional e sobre a interface de ciência e política climática.
Rede de Mudanças Climáticas USP - ReMClim
Lançada em 2008, pela Pró-Reitoria de Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP), a rede temática de pesquisa voltada à área de Mudanças Climáticas (ReMClim) tem o objetivo de integrar os trabalhos que já estão em desenvolvimento nesta temática, nas várias áreas do conhecimento, em suas Unidades, bem como organizar futuros projetos de pesquisa. Além disso, a rede é aberta, também, a pesquisadores de fora da USP, já que o tema exige abordagem ampla, interdisciplinar e interinstitucional. A rede será abrigada no Centro de Estudos do Clima e Ambientes Sustentáveis (CECAS) em construção na USP, São Paulo.
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera
Com sede na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi instituído pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O INCT da Criosfera tem como objetivo a investigação do papel da massa de gelo planetária no sistema ambiental. As ações são concentradas na Antártica e no Andes, envolvendo pesquisas sobre o impacto das mudanças do clima nas geleiras e consequências para o nível do mar, o papel do gelo no sistema climático e a reconstrução paleoclimática e da química da atmosfera a partir de testemunhos de gelo. Este INCT, em estreita parceria com a Rede CLIMA e com INCT para Mudanças Climáticas é responsável pelo estudo dos impactos das mudanças do clima nas regiões polares e as consequências para o pais.
Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas – PBMC
Lançado em novembro de 2009 pelos Ministérios de Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente é uma das ações previstas no eixo de Pesquisa e Desenvolvimento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Iniciativa inspirada no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU (IPCC), o PBMC propõe uma avaliação integrada e objetiva acerca do conhecimento técnico e científico produzido no Brasil e no exterior, sobre causas, efeitos e projeções relacionadas às mudanças climáticas relevantes para o país, incluindo os aspectos de adaptação e mitigação, e disponibilizando essas informações aos tomadores de decisão e à sociedade em geral.
Neste contexto o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, a Rede Clima, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Mudanças Climáticas e a Academia Brasileira de Ciências pretendem, com a realização da IV CONFERÊNCIA REGIONAL SOBRE MUDANÇAS GLOBAIS: O PLANO BRASILEIRO PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL – 4CRMG, entre os dias 04 e 07 de abril de 2011, contribuir com o aprimoramento do Plano Brasileiro de Mudanças Climáticas, reunindo todos os atores envolvidos com a questão – da academia, do setor privado e da sociedade civil - na busca de entendimento e estabelecimento de sinergias e parcerias para obter soluções científicas, tecnológicas e economicamente sustentáveis e socialmente corretas para esse grande desafio.
Inscrições de trabalhos até dia 10/01: Clique
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fonte: http://www.acquaviva.com.br/sisconev/index.asp?Codigo=103,5