Sely diz que reconhece o papel do sindicato e a importância do movimento grevista, mas explica que as agências de fomento, como a Capes e o CNPq, não aceitam como justificativa o atraso ou o trancamento de pesquisas em razão de paralisações. "Para não atrapalhar esse cronograma, a BCE decidiu atender docentes e alunos de pós. Porém, com o fim do semestre, percebemos que os graduandos também precisam muito dos livros", disse. "Se aparecer alguém pedindo um livro eu não vou negar".
O procedimento para empréstimo ou devolução de livros durante a greve é o seguinte: o interessado liga para a BCE ou entra no local pela porta dos fundos e pede a consulta do material. Um funcionário faz a pesquisa, vai até a estante e pega o livro requisitado. "Não permitimos que ninguém estude aqui enquanto houver greve", assegurou Sely. Uma ilha de atendimento improvisada foi montada no subsolo da biblioteca para atender os pedidos. "Em dias normais, atendemos quatro mil pessoas. Hoje, esse número não chega a 20", disse a diretora.
Floriano Pastore, professor do Laboratório de Tecnologia Química (Lateq) da UnB, foi até a BCE, pela primeira vez desde o início da greve, nesta terça-feira. O professor precisava de livros para concluir uma pesquisa. "A biblioteca é um serviço essencial para mim. Acho um crime para a comunidade acadêmica que ela esteja fechada". Floriano acredita que a decisão da diretora é um ato de sensibilidade. "A base do que eu faço como pesquisador está aqui", afirma.
Nesta terça-feira, um grupo de grevistas foi à BCE para verificar o empréstimo de livros. "O sindicato me pediu para deixar de atender. Não é isso que quero fazer. Mas vou seguir todas as orientações da Procuradoria Jurídica", garantiu Sely. Davi Monteiro Diniz, procurador jurídico, explica que não existe nada que assegure o fechamento de um serviço, mesmo durante uma paralisação. Logo, o empréstimo e a devolução dos materiais podem ser realizados.
Jane Nasser é servidora do quadro e trabalha como chefe da Divisão de Referência da Biblioteca. Ela conta que voltou ao trabalho porque quis. "A parte interna está funcionando. A decisão de trabalhar ou não durante a greve é pessoal. Alguns colegas voltaram, outros não", disse. Segundo Jane, enquanto cumpre a carga horária e executa suas tarefas diárias, o telefone não para de tocar. "Todo mundo quer saber quando vamos abrir. Nossa orientação é dizer para acompanharem as assembleias, pois somente lá haverá uma posição sobre o fim do movimento e, consequentemente, sobre o retorno das atividades integrais da BCE", afirma.
ASSEMBLEIA - Antônio Guedes, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), explica que o sindicato recebeu uma denúncia sobre o funcionamento parcial da biblioteca. Ele acredita que, como o TRF não considerou a biblioteca um serviço essencial, ela deve permanecer fechada. "Queremos que o empréstimo e a devolução dos livros sejam interrompidos", disse.
Em assembleia, os técnico-servidores votaram pela continuidade do movimento. Eles fazem nova assembleia nesta quinta-feira, 12 de agosto, quando haverá outro ato de protesto em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo o julgamento imediato de pedido de liminar sobre o pagamento da URP. "Não se discute o fim da greve enquanto não houver um pronunciamento da ministra Cármen Lúcia", disse Mauro Mendes, integrante do Comando de Greve.
Fonte: UnB Agência
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