terça-feira, 1 de setembro de 2009

Badie critica ONU e União Europeia

Bertrand Badie propõe novo modelo para os órgãos internacionais e sugere novo olhar sobre problemas como a fome e a malária.
Marcelo Brandt/UnB Agência
Número de vítimas da fome no mundo é uma evidência da incapacidade da ONU, diz Bertrand

Joana Wightman - Da Secretaria de Comunicação da UnB- -

- O mundo globalizado ainda não conseguiu acabar com a fome e a miséria. Para o professor de Ciência Política e chefe do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Science Po de Paris, Bertrand Badie, é preciso reinventar o modelo de entidades internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

“O formato desses órgãos é ineficiente. A fome mata 2,8 mil pessoas a cada três horas, o que equivale ao mesmo número de mortes dos atentados do World Trade Center. Essa é uma evidência que a ONU é incapaz de resolver esse problema e mediar conflitos mundiais”, destaca. Bertrand também critica o modelo de integração regional, como a União Europeia.

Para o professor, a comprovação da ineficácia é a incapacidade dos países do bloco conterem o avanço da crise econômica mundial. “Está desajustado pela falta de integração. O formato não é o mais apropriado e pede uma inovação. Na teoria é perfeito, mas na prática não funciona”, reflete.
Marcelo Brandt/UnB Agência
Badie: precisamos de novos atores e novas representações internacionais


Bertrand Badie ministra a palestra O olhar francês nas relações internacionais nesta quarta-feira, 2 de setembro, na Universidade de Brasília. Ele Badie acredita que os intelectuais do Brasil e da França estão preparados para discutir novas ideias e soluções para os dois maiores desafios da era da globalização: a segurança alimentar e a saúde humana. “A população morre não é pela bomba que o Irã está desenvolvendo, e sim pela fome e por doenças. A malária, por exemplo, mata mais de 2 milhões de pessoas por ano”, aponta.

Ele avalia que, no “novo mundo”, não há mais polarização e os problemas passam a ser comuns. No entanto, a mudança ainda está em curso e se baseia na autonomia das nações. “Cada país joga o seu próprio jogo. Vivemos uma fase em que precisamos de novos atores e novas representações internacionais para diminuir a discrepância gerada pela bipolaridade”, observa.

A fome e a miséria dos países africanos, diz ele, passam a afetar as nações como um todo. “O problema é nosso. Temos que inventar novas práticas de relações com os países africanos e asiáticos.” Bertrand Badie acrescenta que o papel dos intelectuais, estudantes e pesquisadores é popularizar a visão sobre as mudanças e chamar os cidadãos para o debate sobre uma nova comunidade global.

SERVIÇO

Palestra com Bertrand Badie, professor da Universidade Science Po de Paris
Tema: O olhar francês nas relações internacionais
Data e horário: 2/9 (quarta-feira), às 10h
Local: Auditório Joaquim Nabuco, FA, campus do Plano Piloto

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